quarta-feira, 29 de julho de 2015

Entrevista De Paysano, Para Paysano: "Sempre coloquei na poesia aquilo que deixava de falar..." Matheus Costa

Essa semana a nossa prosa é com Matheus Costa, poeta da cidade de Dom Pedrito.

 
 
De Paysano, Para Paysano: Onde nasceu? Onde mora?
Matheus Costa: Nasci e moro na cidade de Dom Pedrito.
De Paysano, Para Paysano: Qual a tua maior saudade?
Matheus Costa: Minha maior saudade creio que seja da infância e de pessoas que mesmo com o pouco tempo que pude conviver, significaram muito pra mim.
De Paysano, Para Paysano: O que te fez começar a escrever? Qual a primeira letra, lembra? 
Matheus Costa: Comecei a escrever com uns 11 ou 12 anos, foi algo bem natural, quando vi já estava me arriscando a tentar transmitir algo no papel. Acredito que pela minha personalidade mais reservada, sempre coloquei na poesia aquilo que deixava de falar. Sempre foi como um refúgio pra mim. Minha primeira letra foi "Pra Antes da Primavera." um tema que contava de tudo que acontece na ânsia para que chegue a primavera. Era algo assim, não lembro bem o certo.
De Paysano, Para Paysano: Tua maior influência?
Matheus Costa: Várias. Sempre digo que sou fã e aluno da poesia de Aureliano, Jayme, Osíris, Guido Moraes, Lauro Simões, Sérgio Carvalho Pereira, Eliezer Dias de Sousa, Gujo Teixeira e tantos que colocam a própria alma nos  versos que escreviam e escrevem. E fora da cultura gaúcha, admiro muito a poesia do Vinicius de Moraes, Chico Buarque, entre outros.
De Paysano, Para Paysano:  O que mais fala sobre ti? Um verso de autoria tua ou não, que fale de ti. 
Matheus Costa: 
Como Yo Lo Siento
(Osiris Rodriguez Castillos)

 "No venga a tasarme el campo
con ojos de forastero,
porque no es como aparenta
sino... como yo lo siento.

 Yo soy cardo d'estos llanos,
totoral d'esos esteros,
ñapindá de aquellos montes,
piedra mora de mis cerros,

y no va'cre'r si le digo
que hace poco lo comprendo!

 Debajo d'este arbolito
suelo amarguiar en silencio...
Si habré lavao cebaduras
pa' intimar y conocerlo!

 No da leña ni pa' un frio,
no da flor ni pa' un remedio,
y es un pañuelo de luto
la sombra en que me guarezco...

 No tiene un pájaro amigo
pero, pa'mí,
es compañero!

 ...Pa'qué mentar mi tapera;
velay... si se está cayendo!
L'han rigoria los agostos
di una ponchada de inviernos...

 La vi quedarse vacía;
la vi poblarse'e recuerdos...
Sólo pa'no abandonarme
li hace patancha a los vientos,


 y con goteras de luna
quiere estrellar mis desvelos!
 Mi pago conserva cosas,
guardadas en su silencio,
que yo gané campo afuera...
que yo perdí... tiempo adentro.

 No venga a tasarme el campo
con ojos de forastero,
porque no es como aparenta
sino... como yo lo siento:
 su cinto, no tiene plata
ni pa' pagar mis recuerdos!"

 
De Paysano, Para Paysano: Tua melhor letra, a que tens o maior carinho?
 Matheus Costa: Todas letras que escrevo pra mim tem um valor inestimável. Cada uma ao seu jeito. Esta, sem desfazer de alguma outra, por se tratar de um tema muito pessoal, guardo  com um carinho muito grande.
 
NO RETORNO PRA O POVOADO
(Matheus Costa)
Hoje tem fandango largo
Talvez ela ande lá
E a seda do bichará
Traduz o que eu nunca disse...
Se o destino permitisse
Sob a bênção do sereno
Eu vê-la com jeito pleno
Será muito se eu pedisse?!
Quem diria que a cordeona
Depois de embalar pecados
Num sonar mais cadenciado
Ia mostrar-se alma pura?!
Sentiu de longe minhas juras
Contando segredo e sonho
E viu um rosto risonho
Formar razão e figura.
Eu tristonho em serenata
Entoava junto ao vento
Milonga em voz de lamento
Mas ja sabia o desfecho:
- Iria encontrar o trecho
Depois de um simples bailado
Levando a flor pra o povoado
Num potro atado do queixo.
Era só o tempo certo
Pra consumir o silêncio
E um raio de luz intenso
Clarear as barras do dia,
Já fugiu a estrela guia
Mas não é minha esta culpa
Pois trago sobre a garupa
Outra estrela que me espia...
Agora resta o destino
Mais forquilha ao meu tordilho
E ao cruzar pelo espinilho
À esta flor dou outra igual,
Quem sabe o ar outonal
Já estafado das esperas
Traga cedo a primavera
Coloreando o pajonal.
Enfim liberto meus versos
Que escravizei tão sentido
E no treval renascido
Habita uma flor bonita...
Que ali, sincera e bendita
Revela sempre à quem passa
Toda quietude da graça
De quem muito andou solita.
 
 
 
 
 
 
De Paysano, Para Paysano: Qual pensamento que teve quando escreveu?
 
Matheus Costa: Foi em mais um destes momentos de refúgio, como te falei. Horas que parei pra contar em poesia o que não pude contar em voz.
 
De Paysano, Para Paysano: O que acha dos nossos festivais? Teus melhores amigos (dentro da música)?
 
Matheus Costa: Acho muito válido esse movimento dos festivais, quando levado pelo lado cultural e amistoso. Fazer música pelo gosto e prazer, e dividir isso com pessoas que partilham desse mesmo sentimento, e mais ainda, em prol da arte do nosso estado, isso é sensacional. Porém quando isso começa a ser levado de um jeito comercial (que ao meu ver é muito frequente hoje em dia) a coisa se torna errada e quem perde com isso somos nós mesmos e aqueles que vão vir depois de nós, afinal o que fica pra eles é o que fazemos por bem hoje. Quanto à amigos, não vou citar nomes porquê posso acabar esquencendo algum, mas todos que conquisto e preservo nessa caminhada musical, tenho um apreço sem tamanho.
De Paysano, Para Paysano: Foi difícil entrar no meio da música?
Matheus Costa: Me vejo começando ainda nesse meio. Não é fácil, a paciência, a insistência e a consciência do pelo teu trabalho são fundamentais. Mas creio que, como falei antes, quando fazemos música para satisfazer nossa própria alma, pelo gosto mesmo, as coisas fluem naturalmente, sem pressão, e tudo se ajeita como queremos.
 
 
De Paysano, Para Paysano: O que sente, quando as pessoas cantam as tuas músicas?
Matheus Costa: É inexplicável. Ver cantores - às vezes muitos deles quem tu assistia nos palcos como fã - espalhando teu verso para o público é muito bom. Maior que qualquer prêmio, realmente é algo que dá a certeza que trilhamos o caminho certo.
 
 
 
 
 
 
 
De Paysano, Para Paysano:: Com quem escreveria um verso? Musicada, por quem?
 
Matheus Costa: São tantas pessoas que admiro e faria isso. Mas sempre tive um sonho de ter um verso meu musicado ou cantado na voz do Marenco. É um cara que acho fora de sério pelo artista e pela pessoa que é. Quanto a escrever, me identifico muito com a obra do Gujo. Me agrada muito a forma dele escrever e as imagens que relata.

De Paysano, Para Paysano:
 
 
Qual a tua rotina?
 
Matheus Costa: Faço faculdade de Zootecnia, minha maior parte do tempo é dedicado à isso. Mas sempre estou junto à minha família, amigos, e pessoas que quero bem.

De Paysano, Para Paysano: 
 
 
Matheus Costa: O momento em que os versos nascem, momento que te inspira? Não tem momento certo. É algo que me surge de repente. Cansei de acordar de madrugada com uma frase pronta na cabeça  e seguir escrevendo. Mas não tem hora mesmo. Tem vezes que passo meses sem escrever nada e surge uma nova idéia.

De Paysano, Para Paysano: 
 
 
Pra quem está começando, qual é a dica?
Matheus Costa: Como disse antes, paciência, ser crítico daquilo que faz, mas principalmente fazer porquê gosta. Não fazer porquê quer passar ou ser premiado em tal festival ou porquê quer exibir seus versos. Escreve pra si mesmo, escreve pr satisfazer a própria sede daquilo, fazendo isso com sinceridade, as consequências boas sempre acontecem.

De Paysano, Para Paysano: 
 
 
Falar um pouco do seu ultimo trabalho.
Matheus Costa: Bom, sigo nesse caminho da poesia e da música, fazendo novas amizades e levando de pouco em pouco à quem posso as mensagens que procuro transmitir através do ve
O blog, agradece a tua colaboração, Matheus Costa. Sucesso, pra ti!

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